quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

ALMA E CORPO

Disse a Alma , chorando ao Corpo aflito:
- Por que me prendes, triste barro escuro,
Se busco o Espaço imenso, se procuro
O império resplendente do Infinito?

Por que me deste a dor por sambenito
No caminho terrestre áspero e duro?
Por que me algemas a sinistro muro,
O coração cansado, ermo e proscrito?

Mas o corpo exclamou: - Cala-te e ama!
Eu sou, na Terra, a cruz de cinza e lama
Que te serve de ninho, templo e grade...

Mas dos meus braços partirás, um dia,
Para a glória celeste da alegria,
Nos castelos de luz da eternidade!...

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Anthero Do Quental
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